Assisti ao documentário
sobre as Torcidas Organizadas exibido na ESPN BRASIL e confesso fiquei
decepcionado com o que ouvi de gente que se apresenta como porta-voz das
diversas entidades espalhadas pelo país.
Não que o que eles tenham
dito não seja uma realidade. A violência existe sim, inclusive na sociedade
como um todo. É o que justificamos todas as vezes que somos pegos diante de um
fato lamentável, como uma briga generalizada ou pior a perda de uma vida.
Nos tantos anos vividos
dentro desse ambiente, dentro de uma entidade, a principal delas por sinal, não
vamos negar que lá existem todos os tipos de pessoas. Afinal as entidades são
parte da sociedade e não há como fugir disso.
O que não posso admitir e desculpem-me
até compreender é que gente dita como responsável por conduzir as praticas
ideológicas dessas entidades venham a publico numa reportagem que será exibida
em diversas partes do mundo falar de agressão e violência como se isso fosse a
mola mestra de seus segmentos.
Como disse, sou parte de
uma dessas entidades, aonde cheguei há mais de 30 anos e prefiro ficar com a
verdadeira razão da nossa existência: a fiscalização dos atos praticados no
clube para o qual torcemos o grande Sport Club Corinthians Paulista; as
inúmeras ações realizadas pela torcida como a confecção de bandeiras,
organização de caravanas, reuniões de sócios; as ações sociais desenvolvidas a
partir da torcida, como campanhas do agasalho, alimento, doação de sangue,
amparo a vitimas de catástrofes; e a nossa participação no movimento cultural
conhecido como carnaval, desfiles, enredos, shows, etc.
Repito, não quero aqui
tapar o sol com a peneira, mas apenas alertar que o material ali exibido, que
não representa a totalidade de nossas ações e não faz parte da nossa ideologia,
aqui falo pela Gaviões da Fiel, apenas
servirá de subsídio para os que querem transformar o futebol em um produto para
as elites.
Há anos bato nessa tecla,
inclusive dentro dos Gaviões. Em 1988 a Federação Paulista de Futebol,
presenteou nossa entidade com carteiras que davam acesso aos jogos. Mostrei que
ali começava o processo de desmobilização das organizadas. Até então eles nos
temiam, não nos conheciam. Não sabiam quem eram as mentes que organizavam as
festas, as grandes caravanas, as grandes mobilizações, inclusive políticas.
Com aquela atitude o órgão gestor
do futebol passou a saber o nome, a ocupação e o endereço das tais lideranças.
E claro isso era condição fundamental para quem tem como objetivo a organização
do futebol como comercio, como negócio e não como algo cultural, um
entretenimento para o povo. Não que as classes mais privilegiadas não devam
estar presentes. Mas luto para que as menos privilegiadas não tenham esse
direito tolhido, como já tiveram os campos da várzea que aos poucos viram apenas
citações em livros de historiadores da evolução da sociedade.
O que está feito não pode
ser apagado. As declarações desses porta-vozes estão lá para quem quiser ver e
ouvir. Acredito que na verdade eles respondam por si e não por todos os outros
que amam e acreditam nas Torcidas Organizadas. Não vamos negar que a violência
realmente exista. Não vamos negar que isso de certa forma até está incutido em
muitos seres humanos por diversas razões que não cabe aqui tentar
entender. Mas é obrigação de quem está à
frente de qualquer movimento falar de sua ideologia, da razão que move a
maioria dos que a ela pertençam. E digo
aqui, o dia em que esse espírito for o que predominar dentro da Gaviões
certamente eu me darei por vencido e derrotado não terei outra opção senão
pegar o boné e aguardar o fim dos tempos.
Hoje prefiro acreditar ---
mesmo com todos os problemas da sociedade e não apenas das Organizadas --- que
o BEM é a maioria, que muitos olham pra frente tentando encontrar um convívio
pacífico entre todos, mesmo entre os que não profetizem a mesma paixão
clubistica. Digo sempre: a rivalidade pode existir, sem a violência!
Ernesto Teixeira – A voz da Fiel
Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da
Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); suplente a conselheiro do
Corinthians; idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana
(CPMC); colaborador da Rádio Coringão;
Formado em Gestão Desportiva e de Lazer pela Faculdade
Drummond
parabéns ernesto ,assino em baixo suas palavras...
ResponderExcluirMuito bem Ernesto tbm assisti o doc. e fiquei revoltado. Parabéns pelas palavras traduziu bem o que realmente Somos.
ResponderExcluir