Nesses 102 anos de existência o
Corinthians foi precursor de vários feitos dignos de registros históricos. Um
time que como tantos outros nasceram de um sonho de um pequeno grupo de abnegados.
Que passou por dificuldades como ter uma sede, um fardamento ou até mesmo uma
bola. Mas um time que nasceu com um diferencial. O poder de trazer consigo a
paixão das pessoas. Pessoas em sua maioria de classes menos abastadas. Por isso
o Corinthians sempre foi tido como o time do povo. Das várzeas da Paulicéia,
mais especificamente do bairro do Bom Retiro, de uma pequena sede nas esquinas
da José Paulino com a Cônego Martins, ao campo na região da Ponte das
Bandeiras, passando pelo Parque São Jorge, pelo Centro de Treinamento Joaquim
Grava e chegando logo mais a Arena Corinthians, até mesmo a elite aderiu a essa
paixão. Hoje autoridades, que ocuparam cargos como presidentes da República, governadores,
prefeitos, ministros, desembargadores, juízes de direito e empresários se
orgulham e dizem como os mais simples: AQUI É CORINTHIANS!
Nesse pouco mais de um século de
vida temos inúmeras vitórias. Vitórias em todos os esportes. O Corinthians é
campeão de tudo que se possa imaginar. Basta uma visita ao nosso memorial para
ver taças do Basquete, do Remo, do Boxe, da Peteca, do Tamboréu, da Bocha, da
Natação, Futebol Americano e, repito, de tudo o que se possa imaginar.
Os últimos anos foram marcados
por mais conquistas. Conquistas especiais, mas que não foram diferentes de
tantas outras dos primórdios da nossa história, como os três tricampeonatos
paulistas, como a Copa do Mundo de Caracas, na Venezuela --- que poderia ser
considerada como o primeiro Mundial da nossa história --- os paulistas do IV
Centenário, de 1977, de 1988 (centenário da abolição); o brasileiro de 1990, o
primeiro dos cinco que temos, com o jogo final também num 16 de dezembro. Essas
vitórias recentes tem um valor especial porque o Corinthians iniciou uma nova
trajetória desde 2007, ano em que foi rebaixado à segunda divisão.
Um movimento popular como o que
ocorreu em 1969, ano do surgimento da Gaviões, que encerrou um longo modelo
administrativo que culminava com a falta de títulos; só que esse de agora, o de
2008; também encerrou outro longe modelo administrativo, mas ao contrário do
primeiro, até com muitas conquistas: exatamente 13 títulos, entre os quais um
Mundial. Mas a torcida, o povo, os sócios do Corinthians queriam mais que
títulos, queriam um clube aberto, um Corinthians Transparente e Renovado. E
isso não há como negar começou a acontecer, e com essa nova metodologia, o
Corinthians avançou anos luz à frente de outros grandes clubes brasileiros. As
novas vitórias foram consequências, pois quando se chega à uma final as chances
são 50% para cada. E no futebol sabemos, até quando um time é muito superior ao
adversário nem assim o resultado pode ser favas contatas. O futebol é mágico,
pois é a única modalidade esportiva em que o mais fraco pode vencer o mais
forte.
Bem, nos últimos anos vieram Copa
do Brasil, Brasileiro, Libertadores (INVICTA) e o Bi Mundial. Então, se na área
administrativa caminhamos para a evolução, a democracia, nas conquistas não há
o que dizer apenas comemorar. Comemorar e muito!
E então eu pergunto: qual é o
limite dessa Nação chamada Corinthians?
Num momento em que ainda estamos
extasiados por tudo que aconteceu nessa vitoria do Mundial, o título, a nova
INVASÃO CORINTHIANA, que muitos não acreditavam pudesse acontecer, eu me volto
para um sonho, para uma visão futurista, e volto a apertar a mesma tecla: A
TECLA DA EDUCAÇÃO!
Continuo acreditando que o
Corinthians tem um compromisso enorme com a melhora da nossa sociedade.
Continuo esperando que as pessoas que estão e as que vão chegar ao clube a
partir de agora deveriam pensar nessa palavra com mais profundidade: EDUCAÇÃO.
Falo da Escola de Formação de
Cidadãos Corinthianos. É a ideia da construção de um parque educacional dentro
das dependências do Parque São Jorge. Essa escola atenderia todos os sócios,
esportistas que defendem o clube nas mais diversas categorias.
As vitórias não dão muitas
alegrias, mas também escondem algumas deficiências. Vejam: o período anterior a
2007 durou 13 anos e não foi encerrado antes porque os títulos cegaram os olhos
de todos.
Hoje, mesmo diante das vitórias
precisamos aprender a enxergar. E eu. Particularmente, olho para essa ideia. E
o por que bato tanto nessa tecla e vivo falando com o presidente, com os vices,
com os diretos em geral? Porque como sócio, como pessoa que acompanha há anos as
categorias de base do futebol e de outros esportes, mas em especial o futebol,
sei o quanto o clube deixou de fazer por inúmeros atletas que vestiram sua
camisa nessas categorias.
Ouve um tempo em que a educação
sequer era exigida pela legislação esportiva. E aí foi pior ainda. O que falo é
de inúmeros atletas que foram retirados de suas famílias, muitos de outros
estados, de rincões do norte e nordeste e que vieram para o Corinthians com a esperança
de se tornar um craque da bola. O tempo passou e no tédio das concentrações
nada era feito além de descanso e brincadeiras. O tempo passou e muitos, mas
muitos um dia receberam a noticia de quem não mais teriam utilidade para o
Corinthians. Não há um estudo que mostre a realidade desses números, nem no
Corinthians, nem no futebol brasileiro.
Hoje a Lei Pelé obriga os clubes
a acompanharem a formação educacional dos jogadores. Mas digo, o que ocorre é
um paliativo, um faz de conta. Pois os atletas são matriculados em escolas
públicas ou em alguns casos em particulares, mas a cobrança está longe da
ideal. Temos sim no Corinthians uma assistente social que se esforça, que tenta
e dá o máximo de si nesse sentido, fazendo até o papel de mãe de muitos
jogadores. Mas repito: é pouco!
O Corinthians deveria assumir
esse compromisso que tem com a sociedade, com o povo, o povo que o levou onde
está e devolver essa contrapartida criando essa ESCOLA DE FORMAÇÃO DE CIDADÃOS
CORINTHIANOS!
Com certeza não resolveremos o
problema do país nessa área, mas faríamos e bem a nossa parte e todos aqueles
que estiverem sob a nossa responsabilidade quando chegarem ao final de um
ciclo, não terão as portas fechadas dentro da sociedade. Se não seguirem como
atletas profissionais, ao menos seguirão como profissionais dentro de áreas
ligadas ao esporte, como Educação Física, Gestão Esportiva, Marketing
Esportivo, Direito Esportivo e tantas outras profissões ligadas ao esporte. Com
certeza esse projeto ajudaria a transformar a sociedade e traria à marca do
clube mais um fator de valorização.
Sendo assim eu diria que a partir
dessa realização a NAÇÃO CORINTHIANA JAMAIS TERIA LIMITES!
Ernesto Teixeira – A voz da Fiel
Torcedor corinthiano; sócio,
intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216);
suplente a conselheiro do Corinthians; idealizador do Comitê de Preservação da
Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão;
Formado em Gestão Desportiva e de
Lazer pela Faculdade Drummond
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