No último sábado estive no ginásio principal do Corinthians para prestigiar a abertura das Olimpíadas Integração 2012, do Grupo Educacional Drummond, comandado pelo amigo, professor e conselheiro do clube Osmar Basílio.
O evento teve como tema Grandes Musicais e contou com a presença de mais de 5 mil pessoas, em sua maioria pais e parentes dos alunos das escolas que compõem o grupo, o colégio Alvorada e a escola João XXIII.
O espetáculo, assim pode dizer, devido à extrema competência das mais de 100 pessoas envolvidas em sua produção, com especialistas nas áreas de teatro e cinema, dotado de recursos tecnológicos como telão gigante, sonoziração ambiente e show com equipamentos de laser, aguçou ainda mais um sonho que tenho há mais de uma década.
Ver alunos de todas as séries e de todas as idades apresentando números coreografados que remetiam aos musicais que marcaram história como: O Rei Leão, Chicago, Peter Pan, Mamma Mia, Grease, As Bruxas de Eastwick, A Família Addams e O Fantasma da Ópera, foi como uma inesquecível viagem no tempo, tanto para o passado, onde várias das músicas temas estiveram presentes em minha vida, como para o futuro, imaginando que um dia o Corinthians poderia estar presente na vida das pessoas não apenas como um clube esportivo.
O encerramento das apresentações contou com uma homenagem reunindo alunos do Ensino Médio de todas as unidades do grupo ao pop star que marcou o mundo moderno com suas grandes obras e musicais e shows vistos por milhões de pessoas: Michael Jackson. Enfatizando que uma de suas produções teve como foco o Brasil, em especial a Bahia e o Rio de Janeiro.
Confesso que a cada número, embalado pelos áudios e os figurinos impecáveis --- mais de 1.200 estudantes-artistas, pensava: como seria bom se o Corinthians tivesse dentro de suas instalações uma proposta educacional. Uma escola que recebesse alunos desde a Educação Infantil até a Faculdade. Que orgulho não seria para a sua enorme torcida poder se gabar além das conquistas esportivas. Poder ver na sociedade, em suas diversas áreas, ocupando lugar de destaque, um cidadão que tenha se formado no Corinthians.
Hoje nos orgulhamos de certos personagens, considerados torcedores ilustres, entre artistas, publicitários e empresários. Não citarei nomes para que o leitor faça esse exercício por si só. Mas são inúmeros os Corinthianos de expressão na sociedade brasileira. Mas cada um teve a sua formação educacional em um lugar diferente, ou até nem tiveram e se formou na própria escola da vida.
Meu sonho por essa possibilidade nasceu quando comecei a frequentar o clube e ouvia de algumas pessoas de expressão que o modelo de clube social estava falido em consequência dos condomínios de hoje em dia oferecerem todo o tipo de lazer e entretenimento aos seus moradores, com piscina, sauna, salão de festas; alguns até comercio.
Ao mesmo tempo em que ouvia esses figurões darem essas declarações de que o Parque Social do Corinthians se apresenta como um ônus na estrutura do clube, eu retrucava: Mas por que clubes como o Paulistano, Paineiras, Pinheiros, Sírio, Monte Líbano, sobrevivem? Mais: tem boa freqüência de sócios não apenas nos finais de semana, mas durante também. Como sei? Entre minhas várias atividades também sou formado como árbitro de futebol pela Federação Paulista de Futebol e inúmeras vezes estive nesses locais para apitar e me chamava a atenção ver personalidades da nossa sociedade, como apresentadores de televisão, políticos, empresários, reunidos nesses clubes batendo um papo ou praticando um esporte.
Não deixei de observar ainda que a região onde fica o Corinthians tinha grande desenvolvimento imobiliário, com algumas dezenas de condomínios de médio e alto padrão instalando-se ao seu redor. Logo não é impossível imaginar que todas essas famílias necessitariam de um local de lazer, um clube... Mas tudo isso eles teriam nesses condomínios. Então qual seria o diferencial: a educação.
Toda família tem como preocupação número um a boa formação de seus filhos. Se esta boa educação vier atrelada a um espaço diferenciado, enorme --- o Corinthians é o clube que detém maior área em comparação aos demais na cidade de São Paulo --- com segurança e qualidade de vida, como não dar certo?
As questões burocráticas seriam resolvidas facilmente com a obrigatoriedade da aquisição de título patrimonial para ter acesso ao Grupo Educacional Sport Club Corinthians Paulista. Outro diferencial desse projeto é que além das horas aula o estudante, em especial as crianças e adolescentes, teria um cronograma de atividades que oferecesse a elas a possibilidade de permanecer no clube por um longo período, optando pela pratica de um esporte de recreação ou de competição, sem falar no suporte alimentar oferecido pelas instalações já existentes no clube, como restaurante, lanchonetes e quiosques. Já imaginou você saindo para trabalhar sabendo que seu filho vai estar num lugar seguro e tendo uma formação de alto nível? Não creio que seria difícil adequar esse calendário horário que vise a permanência do sócio-aluno por um período de oito a dez horas.
A grade curricular nem vou me ater a apresentar aqui, pois sei temos ótimas pessoas para tal, entre os quais o próprio conselheiro Osmar Basílio. Mas também estamos falando de receita. Afinal a idéia veio para contrapor o pensamento daqueles que pregam o fechamento do clube. Assim óbvio que a idéia tem que contemplar um estudo econômico provando sua viabilidade.
Novamente cito o conselheiro Osmar Basílio para que colaborasse nesse sentido, afinal ele é empresário desse setor e certamente tem conhecimento e experiência suficiente para apresentar tal estudo.
Eu me atrevo aqui apenas a dizer que uma preocupação de não devemos deixar de ter é que um projeto como esse não pode ficar à mercê de pessoas que não sejam do ramo. Talvez sua administração tenha que ser “terceirizada” para evitar ingerências de “diretores” e “conselheiros” que buscam benefício próprio, como estamos acostumados a ver ao longo desses anos, com os cabides de emprego, convites para eventos e ingressos de jogos.
Também deixo claro que essa idéia que proponho não tem nada a ver com o que foi feito até hoje no clube. Parcerias que nos levaram à justiça.
Eu vejo um grande investimento em obras na parte do terreno do Corinthians que fica após os campos de futebol, a construção de um complexo devidamente feito para esse fim.
Tive a oportunidade de externar essa idéia a algumas pessoas do clube. Confesso que boa parte parece não ter dado a importância que eu gostaria de ter visto. Uma delas, que hoje ocupa um cargo expressivo e que me reservo o direito de não citar, pois o objetivo aqui não é polemizar com esse ou aquele, mas de abrir a mente da Nação Corinthiana para essa possibilidade, chegou a me dizer que isso faria com que o Corinthians perdesse subvenções, sem jamais demonstrar concretamente.
Claro toda essa infraestrutura também atingiria os atletas que defendem o clube profissionalmente nas diversas modalidades, principalmente os da base de todos os esportes, sendo dada a eles a possibilidade de freqüentarem os cursos, não apenas enquanto estiverem defendendo o Corinthians, mas mesmo que por ventura venham a ser preteridos, a formação educacional lhes estará garantida até a conclusão universitária.
Reflitam e imaginem que um dia o Corinthians também podem se orgulhar de ter craques não apenas dentro do esporte, mas também fora dele agindo e marcando o mundo e dizendo: AQUI É CORINTHIANS!
Em tempo: parabéns a todos que organizaram o evento de sábado, se não estiver enganado a 27ª edição. Obrigado Osmar Basílio por permitir que estivesse presente a esse momento mágico unindo educação, recreação, arte e socialização.
Orgulho de saber que nem tudo é interesse econômico, a qualquer preço e qualquer custo, como estamos acostumados e lutamos para que mude, dentro do próprio Corinthians!
Ernesto Teixeira – A voz da Fiel
Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.