terça-feira, 7 de agosto de 2012

CORINTHIANS: SOCIEDADE FORMADA POR ANÔNIMOS!

Não poderia estar mais feliz. No ano de 2012, tendo vivido inúmeras conquistas do meu clube de coração, o glorioso Corinthians, hoje me completo ao ver tantas ideias e possibilidades sendo discutidas, muitas até implantadas. Sempre vi o Corinthians como um mundo, como uma Nação, como uma República Popular, esse um dos projetos em andamento. Talvez, não exatamente como tivesse sido idealizado, mas afinal está aí, se adequando à realidade daqueles que tem autonomia para continuar desenvolvendo-o. Mas não é da “RPC”, que quero falar especificamente.

Minha alegria, satisfação e orgulho – e acima de tudo esperança –, são justificadas por tantas realizações, evolução em poucos anos e, principalmente, o que ainda está por vir, pois a cada dia há uma nova surpresa, um novo empreendimento. Hoje, entre tantas atividades, também estou na boca do túnel para galgar um espaço no Conselho Deliberativo do clube, afinal, suplemente eu já sou!

Tudo isso é fruto de um arejamento no poder e no modelo administrativo que em quase 100 anos de história sempre foi centralizador e muitas vezes até ditatorial, sem nenhuma crítica específica, mas, seguia, eu diria, os padrões do futebol brasileiro e até mesmo do próprio País.

O Corinthians, que se consagrou campeão das Américas, pentacampeão brasileiro (90, 98, 99, 2005 e 2011), tricampeão da Copa do Brasil (95, 2002 e 2009), sem falar nos 26 títulos Paulistas que acumulou ao longo de sua trajetória, além de inúmeras outras conquistas não só no futebol como em outras modalidades, está em fase de construção de seu estádio, o que abrirá a Copa do Mundo de 2014. Esse mesmo clube possui uma rede de lojas franqueadas, a Poderoso Timão, com 110 unidades, a maior do futebol e talvez do mundo, com 3 mil produtos licenciados e comercializados, entre roupa de cama, mesa e banho, enxoval para os bebês e peças para o dia a dia.

O alvinegro, que está em esportes até inusitados para uma nação que tinha até pouco tempo uma cultura restrita ao futebol, salvo alguns outros esportes, como o basquete e o futsal – isso pra falar daqueles que já deram títulos de expressão, pois existiam sim outros como a bocha que até já foi campeão sul-americano; remo, natação... Mas me refiro ao automobilismo, ao hipismo, à asa delta, ao futebol americano e ao rúgbi. Para onde quer que olhemos vemos o CORINTHIANS! Certamente, muitas outras especialidades virão no futuro. O timão fervilha em projetos e ideias. Repito, meu contentamento é enorme com tudo isso. Claro que não posso deixar de dizer que isso já poderia ser uma realidade há anos, pois, o que proporciona o sucesso dessas iniciativas é o maior patrocinador que o clube tem: a SUA FIEL TORCIDA.

A grandeza dessa Torcida é algo a ser considerado em tudo que se pensa e realiza em nome do Corinthians. Ela prestigia, participa, consome, mantém viva e faz crescer a instituição, que teve início em 1910, com o sonho de cinco operários, que ponderavam a criação de um time de futebol. Bendita luz do lampião que até hoje nos ilumina.

Como parte dessa massa, também imagino e tenho sonhos voltados à grandeza do Corinthians. Não escondo e até enfatizo a necessidade de criarmos a ESCOLA DE FORMAÇÃO DE CIDADÃOS CORINTHIANOS (EFCC). Projeto simples, que consiste na criação de um centro educacional, hoje dentro do próprio complexo do Parque São Jorge, que num primeiro momento serviria para rebater ou para trazer uma solução àqueles que apostavam que o clube em sua parte social estava fadada ao fechamento, por falta de interesse das pessoas que hoje tem inúmeras opções de lazer e entretenimento em seus bairros, condomínios e casas. Claro, escola não é necessariamente entretenimento. É educação. Escola hoje também é um negócio e aí está um dos fatores porque acredito nessa ideia. Afinal, pra quem não sabe, a região em torno do clube, teve um grande aporte imobiliário nos últimos anos e certamente as famílias que ali residem querem uma excelente instrução para os seus filhos. Idealizem algo que vá da pré-escola à pós-graduação. A EFCC (nome que pode ser melhor trabalhado), em parceria com todo o complexo esportivo que já existe na agremiação, contemplaria a parte de saúde e desenvolvimento físico e social desses alunos, que praticariam esportes de recreação ou de competição. Também os atletas do futebol, em especial, os da tão carente categoria de base, afinal o Corinthians, de fato, poderia dar uma opção aos que a ele servirem quando crianças ou jovens, em que muitos, pelas estatísticas, não chegarão ao profissionalismo, de terem um diploma e uma profissão. Educação Física, Direito, Administração, Marketing, Engenharia, Arquitetura, Comunicação... Em suma, essa escola seguiria o exemplo norte-americano, que beneficia com bolsas e investimentos atletas que se destacam em suas respectivas categorias.

Nesse turbilhão de ideias que acabei de tomar conhecimento foi a da abertura de capital do clube. A possibilidade de colocar ações na Bolsa de Valores. De antemão digo que acredito nesse projeto. Sempre imaginei algo assim. Primeiro por acreditar que tal feito traria uma obrigação maior de responsabilidade administrativa aos que se propõem a dirigir o clube, segundo porque significa que o seu intuito é basicamente a possibilidade de aporte financeiro, que será aplicado na aquisição e na manutenção de boas equipes, que podem ir além do futebol.

Confesso que dentro de uma visão simplista, não tenho vergonha de dizer, pensei que a nossa casa fosse construída através de uma iniciativa como essa. Não quis assim o destino. E a Odebrecht assumiu essa responsabilidade e vai tocando as obras, enquanto o Corinthians viabiliza recursos e autorizações ligadas à burocracia de um investimento como esse. Mas se o estádio já não precisa do capital direto do torcedor Corinthiano, muitas outras ações ainda podem contar com esse recurso, como a reforma da área social, a construção da arena de eventos, onde hoje fica a fazendinha, entre outras. Torço para que a ideia prospere. Espero até, mesmo não sendo um especialista no segmento, poder colaborar com alguma sugestão, uma observação que seja. Afinal, penso que a frieza das letras e dos números não pode estar muito acima do calor e da paixão daqueles que serão a parte principal desta ação: o TORCEDOR.

Sem um estudo aprimorado, podemos observar que outros clubes já tentaram se aventurar por esse caminho, não diretamente no lançamento de ações no mercado, apostando na mina de ouro que está incrustada na paixão de sua torcida, mas dando o primeiro passe pra isso, transformando-se em Sociedade Anônima (SA). Se estiver errado, me corrijam. Já disse que não sou conhecedor profundo do assunto. Sei que uma SA pode ou não ter ações no mercado. Sei que as ações podem ou não dar direito a voto no conselho administrativo. Sei que elas podem ser restritas a uma quantidade que não tirem o controle do clube das mãos de seus associados (diretoria). Tudo isso tem que ser muito bem acertado, afinal como o nome diz é captação no mercado aberto e qualquer pessoa pode adquirir uma determinada quantidade, mesmo não sendo corinthiano.

Mas, para fechar o meu raciocínio, afinal este é um conceito que se inicia e certamente norteará muitas discussões entre apaixonados e interessados, digo que o projeto deva contemplar em boa parte, ser regra para aquisição, a sua torcida; seus sócios patrimoniais, seguindo uma ordem, não permitindo que megalomaníacos, desses que estão em litígio com seus países por causa de transições de modelos governamentais, sob acusação de fraudes, possam ter sequer uma ação do Corinthians.

Quero sim, entender que esse será o grande passo para afirmarmos que “Todo time tem uma torcida. No Corinthians, a torcida é que tem um time.”, frase dita, segundo Adilson Monteiro Alves, pelo jornalista, já falecido José Roberto de Aquino, na época da DEMOCRACIA CORINTHIANA, mais um advento que só o nosso glorioso Corinthians pode ostentar.


Ernesto Teixeira – A voz da Fiel

Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); suplente a conselheiro do Corinthians; idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão;
Formado em Gestão Desportiva e de Lazer pela Faculdade Drummond


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