segunda-feira, 23 de abril de 2012
Corinthians e Barcelona e a dor da derrota!
Nesta segunda-feira, 23 de abril, dia do Torcedor Corinthiano, dia de São Jorge, após a eliminação do Corinthians do campeonato paulista, pela incrédula Ponte Preta, me pus a imaginar qual o tamanho da dor desse revés para nós em comparação com, a também praticamente eliminação do Barcelona do campeonato espanhol, após derrota para o Real, no sábado.
Para tanto me apego na maneira como os clubes são vistos e analisados pelos críticos, com base em seus modelos administrativos e até mesmo os seus elencos. O Corinthians, considerado hoje um dos melhores elencos do futebol brasileiro, com um sistema de jogo onde os atletas seguem à risca a filosofia de seu treinador; o Barcelona tido como melhor do mundo, onde também os atletas seguem um padrão tático digno de comando militar, apesar de quase todos os ali terem capacidade para realizar uma jogada individual que mude um jogo de uma hora para outra.
Não vou me arriscar a entrar numa análise entre os times da Ponte e também do Real, pois a diferença é infinita, apenas os propósitos de cada um se assemelharam neste final de semana.
Enquanto o Barcelona tem um modelo administrativo já institucionalizado, servindo, inclusive, de inspiração para algumas ações do Corinthians, em forma de “troca de experiências”, ou se preferirem “benchmarketing”, uma vez que o diretor financeiro Raul Correa esteve na Espanha e até trouxe executivos do time catalão para falar aos corinthianos no Parque São Jorge. Já o Corinthians vive a transição da era medieval, passando do coronelismo e clientelismo para um modelo que busca a democracia e assim, por mais que em alguns aspectos possamos comemorar uma evolução em outros ainda lamentamos teremos que esperar um pouco mais.
Com essa comparação chegamos à maneira como os times são formados. Enquanto no Barcelona as contratações não deixam dúvidas, no Corinthians boa parte dos jogadores são recebidos como incógnitas, graças ao tal modelo de negociações e negociatas que ainda envolve o futebol tupiniquim. E aqui vai um tempero com base na entrevista dada pelo Vampeta no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, ontem à noite. Segundo o velho Vamp, grande figura que demonstra sinceridade em seus comentários, ele se surpreendeu quando numa concentração do Corinthians, no mesmo quarto que o jogador Clodoaldo, o mesmo não parava de rir. Sorria insistentemente, até que o Vamp o questionou:
- Por que você ri tanto?
E ele então respondeu:
- Pô cara, eu to aqui do seu lado e de tantos outros que só via pela televisão. Há três meses era zagueiro, agora fui contratado pelo Corinthians como centroavante, um contrato de cinco anos, R$80 mil por mês. Até comprei um apartamento no mesmo lugar que você tem um.
E perguntamos: onde está Clodoaldo hoje? O Corinthians ainda paga seus salários? Observem que o cara era zagueiro e foi contrato por esse período todo, com um alto salário para resolver o problema do ataque de um time com a grandeza do Corinthians.
Mas isso como disse é apenas um tempero nesse texto, que visa fazer uma analogia das derrotas do Barcelona e do Corinthians no final de semana.
Bem, tentemos chegar a uma conclusão: o Barcelona com tudo organizado, com o melhor time do mundo, jogadores de nível técnico e histórico comprovados, perdeu. Aliás a segunda derrota consecutiva. No meio de semana pela “Libertadores da Europa” levaram um a zero do Chelsea. Com certeza por lá e em boa parte do mundo muita gente esteja tentando encontrar a resposta para os dois revezes do Barça; mas também no intimo sabem que os confrontos foram com times de tradição e mais que isso, que nos últimos anos, ao lado do próprio esquadrão catalão dominam a cena do futebol mundial. Então imaginam que contra o Chelsea o resultado pode ser revertido na partida de volta, em casa. Já a derrota pro Real, praticamente alijou o time do título espanhol, com os sete pontos de vantagem a favor dos madrilenos restando quatro rodadas para o fim da competição.
E o Corinthians? Bem o Corinthians, com tudo que dissemos, melhor elenco do futebol brasileiro, melhor técnico, líder da primeira fase do paulista, tendo vencido a mesma Ponte no jogo de encerramento do turno, em Campinas, por 2 a 1, com a derrota por 3 a 2, jogando em casa, no Pacaembu, foi eliminado da competição onde possui o maior número de títulos: 26.
Veja que mesmo com um modelo considerado “eticamente correto” a derrota pode vir; como acontece numa versão administrativa sujeita a dúvidas sobre a eficiência de boa parte dos jogadores.
Então nos resta dizer que uma conclusão é obvia: a derrota do Corinthians dói muito mais, pois deixa muito mais pessoas tristes, 30 milhões; já a derrota do Barcelona deixa um número bem menor de pessoas frustradas. Enquanto os Barcelonistas têm a quase certeza que o time voltará a vencer nos próximos jogos; nós Corinthianos não podemos dizer o mesmo, diante daquilo que temos para colocar em campo.
Mas também podemos afirmar, que por maior que seja a dúvida, tão grande é a certeza de que no próximo jogo lá estaremos, com nossa presença, nossa torcida, nossa fé, nossa esperança, nosso canto, nosso grito, transformando quartzo em diamante e jogadores comuns em craques, reparando, ainda, a falta de profissionalismo dos nossos dirigentes que compram zagueiros como centroavantes!
Saudações Corinthianas!
Ernesto Teixeira – A voz da Fiel
Torcedor corinthiano; sócio, intérprete e compositor da Gaviões (8.005); sócio do Corinthians (305.216); idealizador do Comitê de Preservação da Memória Corinthiana (CPMC); colaborador da Rádio Coringão.
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